Eu sempre guardei meus medos em mim
Sufocando meu rosto contra o travesseiro
Ninguém jamais ouviu meu desespero
Presa numa cúpula de receios da minha mente
Engasgada com a loucura, intoxicada pela imaginação
Minha fértil companhia, minha maldita salvação
Eu estou em pedaços, tão discuidada
Como uma boneca de porcelana quebrada,
Destruída inocentemente,
Despedaçada concientemente
Olhos de vidro a se partir, lágrimas a cair
Eu já sonhei, eu sonhei, eu sonhava,
Até pesadelos se tornarem reais...
Eu já não sonho mais
Brincando de masoquista, eu me sinto viva
Veias secas, a dor é a única coisa real
A hemorragia já havia me matado a muito tempo
Por favor, não me acorde da minha agradável mentira
Eu só vivo, respiro e existo no meu mundo disfuncional
Eu estou descosturada, tão usada
Como uma boneca de pano rasgada,
Maltratada inconsequentemente,
Crucificada injustamente,
Remendas inacabadas, trapos antigos
Eu já sonhei, eu sonhei, eu sonhava,
Até pesadelos se tornarem reais...
Eu já não sonho mais.